Pesquisar artigos neste blog

Translate

Postagem em destaque

SOBRE A FELICIDADE

Tu que buscas com tanto afinco a felicidade, escuta o que eu tenho a te dizer. Este pássaro que voa tão alto, e que as vezes pousa no teu ...

sábado, 21 de março de 2020

SOBRE O ESPORTE



Durante a maior parte da minha vida eu trabalhei e vivi como um profissional do esporte. Fui preparador físico de futebol, com relativo sucesso, trabalhando em grandes equipes do futebol brasileiro e de algumas equipes internacionais. Cheguei a ser preparador físico de seleções como as do Brasil e do Qatar. Isto me permitiu aposentar-me no ápice da minha carreira, aos quarenta e dois anos (uma grande “loucura” para a grande maioria das pessoas), para dedicar-me a coisas que achava mais relevantes do que os ganhos materiais: os ganhos espirituais. Hoje sou um feliz “aposentado” de sessenta e dois anos, que procura gastar o seu tempo nas coisas espirituais e no bem coletivo.

Aproveitando este momento de crise mundial (quando somos obrigados a nos recolher em nossas casas, longe das loucas correrias do mundo), com tempo suficiente para nos recolher em nós mesmos e reavaliarmos nossos valores, gostaria de apresentar-lhes aqui - para vossas reflexões - o que me levou a abandonar um salário de três dígitos e um status profissional e social tão almejado pela maioria dos homens.

Em primeiro lugar deixem-me explicar o que eu penso ser o verdadeiro sentido do esporte, tão equivocadamente usado, ou mesmo malevolamente manipulado, por pessoas, com um único intento comercial, ao contrário do seu correto uso. O verdadeiro esporte visa não só o benefício individual, mas também coletivo em prol de uma sociedade mais saudável, física e psicologicamente, como nos ensina o milenar e já quase esquecido lema: “Mens Sana In Corpore Sano”.

O esporte foi criado há alguns milhares de anos pela Hierarquia Espiritual que, preocupada com a saúde da humanidade de então, inspirou a necessidade da atividade física e dos jogos esportivos para a saúde do corpo físico, assim como para estimular a cooperação e o companheirismo, tão necessários à saúde social. Na minha opinião são estes os verdadeiros objetivos que deveriam nortear o esporte. Foi o esquecimento destes princípios no esporte moderno, em prol dos lucros financeiros, que me fez desiludir da carreira que havia abraçado com tanto idealismo.

Eis agora as reflexões que proponho neste período de quarentena, quando foram paralisadas todas as competições esportivas e o silêncio dos constantes apelos emocionais nos convida a refletir sobre os nossos valores:

É correto uma humanidade tão desigual, onde mais da metade da população mundial vive em condições de pobreza ou absoluta miséria, que aceitemos pagar salários tão desproporcionais e escandalosamente aviltantes a atletas e membros de comissões técnicas, muitos deles péssimos exemplos à juventude (o que não nos impede de os tratarmos como heróis)? Se não achamos isto correto, porque por apenas fugazes momentos de emoção continuamos a sustentar uma indústria onde o desperdício, a vaidade e a corrupção são tônicas diárias? O verdadeiro valor do esporte está no melhoramento e no engrandecimento do corpo etérico-físico, não no engrandecimento do corpo emocional, que de tão grande e robusto na humanidade atual domina o corpo mental, ao qual deveria estar subordinado. O maior valor do esporte está em pratica-lo, não em assisti-lo passivamente deitado no sofá em frente à televisão, ou assentado em meio a multidões em orgias emocionais, que muitas vezes transformam-se em alucinadas selvagerias.

É correto chamar de esporte violentas lutas, dignas dos antigos anfiteatros romanos e nos deleitamos com cenas de agressividade e selvageria, que sempre levam a lesões, muitas vezes sérias ou até mesmo à morte? Como pode a sociedade aceitar que seja exibido na televisão estes verdadeiros shows de horror, para a deseducação dos nossos jovens e crianças? Como explicar aos nossos filhos que a violência é errada, quando assistimos empolgados, muitas vezes junto a eles, estes campeonatos de idiotice?

É correto chamarmos de esporte estes campeonatos de “esportes virtuais”, onde “atletas” magrelos ou obesos, desenergizados pela falta de sol e de atividade física, incentivados por altos salários, queimam seus neurônios sem uma gota de suor? Eu não sou contra jogos de computador ou de tabuleiros, apenas friso que são apenas jogos, não esportes, e só os condeno quando roubam tempo a saudáveis atividades físicas.  

O esporte foi criado para ajudar as pessoas, para melhorar o indivíduo e a sociedade! Será que vale a pena nós gastarmos nossa atenção, nossa energia e nosso dinheiro em psêudo-esportes, que dividem em vez de somar? Que levam a vícios em vez de virtudes? Que levam à violência em vez paz e harmonia?

Que novos valores surjam do caos e sofrimento desta terrível prova que hora abruma a humanidade!


Sorria! - O Sorriso iguala as pessoas.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário