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sábado, 7 de março de 2020

SOBRE O TRABALHO



Há vinte anos, aos quarenta e dois anos, eu entrei na minha “crise dos quarenta”. Durante alguns poucos anos, eu me isolei do mundo em uma comunidade espiritual, em busca de mim mesmo.  Além de ensinamentos adquiridos com o meu Eu Superior, a Mãe Natureza também me ensinou muitas coisas preciosas...

Na comunidade em que vivi durante este período, tudo era compartilhado. Não haviam empregados e todos dividiam as tarefas diárias igualmente, independentemente do passado de cada um. Médicos, engenheiros, estudantes e operários; homens e mulheres; jovens e adultos; brasileiros e estrangeiros; brancos, negros, pardos, amarelos e vermelhos; todos trabalhavam em pé de igualdade em prol da comunidade.

Nestes tempos eu aprendi muitas coisas valiosas que o meu status na época (social, profissional, econômico e financeiro ) não permitia; por falta de tempo, de oportunidade ou, simplesmente, de vontade. Eu aprendi a arrumar meu quarto, a lavar banheiros (do meu quarto e os de áreas comunitárias), a lavar louças e panelas, etc. etc. Aprendi a fazer pão (a comunidade possuía a sua própria padaria, que começava os seus trabalhos impreterivelmente às três horas da manhã). Aprendi a plantar e a colher (possuía, também, dezenas de acres com vários tipos de plantações, além de várias hortas e pomares). Aprendi também os rudimentos da construção civil em árduos e penosos trabalhos como ajudante de pedreiro (toda a enorme estrutura das três fazendas coletivas foi criada pelos moradores, com ou sem ajuda externa). Tudo valeu a pena... a minha alma não era pequena! Humilde ela aceitou os ensinamentos que a vida lhe trazia a cada momento, vivendo-os como se fossem únicos, sem preocupações do passado ou do futuro: Vivia sempre no agora.

Aprendi que o arroz e o feijão, que eu como a cada dia, traz no seu âmago muitas dores nas costas e nos joelhos, e passei, assim, a não conseguir comer sem antes agradecer aos meus humildes irmãos lavradores, que com seus miseráveis salários de fome, permitem que eu possa ter um corpo bem alimentado e saudável. Aprendi a agradecer à Vida pelos presentes que Ela me dá; a amar a casa onde moro, valorizando o trabalho do pedreiro e dos seus ajudantes que, mesmo morando em casebres instáveis e sem conforto, permitiam que eu pudesse dormir tranquilo e em segurança, sem as preocupações que eles mesmos não podiam deixar de ter. Aprendi que não é o tipo de trabalho que dignifica o homem, mas a atenção e o cuidado colocados em cada tarefa posta à sua frente.

Eis também outro precioso ensinamento que a Mãe Natureza me proporcionou: Ao plantar uma árvore em particular, passei a dela cuidar com um zelo que quase a matou. Adubava e a molhava em excesso, o que a fez crescer anormalmente rápido, fazendo com que antes de produzir algum fruto, seu tronco começasse a se dobrar sob o seu próprio peso. Tudo tem o sua hora para frutificar! Muitas vezes, o excesso de zelo e proteção não permite o fortalecimento, que só as intempéries e o correr do tempo podem trazer. Isto ocorre tanto às árvores quanto aos homens.

Talvez, a coisa mais importante que eu tenha aprendido neste fecundo período foi a constatação de que não é o trabalho que dignifica o homem, mas é o homem que dignifica o trabalho; tornando-o útil não apenas a si mesmo, mas também a todos que o cercam. Não é a quantidade de dinheiro o mais importante, mas a forma com que eu gasto o muito ou o pouco que tenho. Não é o status da minha profissão ou os louros que ganhei – justa ou injustamente – o que verdadeiramente importa, mas a forma com que trato e sou tratado pela natureza e pelos meus semelhantes. Não basta ser admirado por mentes - que facilmente valorizam tudo aquilo que lhes vai um pouco além - mas conquistado por corações, que nunca se vendem por quimeras.

É preciso, antes de tudo, amar o que fazemos. É preciso transformar o nosso trabalho em SERVIÇO.


Sorria! - O Sorriso iguala as pessoas.

2 comentários:

  1. O mais precioso e rico que você alcançou foi o nivel de consciência desenvolvido. Nivel, que quienes estudamos esos escritos tratamos de aplicar no día a día. Gratidão.

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  2. Verdades pessoais que deveriam se espalhar mais na Humanidade, que,na maioria é cega para esses relevantes aspectos da vida...
    Você foi concebido com muita luz e por esforço próprio forjou-se na têmpera do bom aço, na dor dos que sabem lutar e na alegria dos que descobriram o verdadeiro sentido da vida...

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