Há vinte anos, aos quarenta e
dois anos, eu entrei na minha “crise dos quarenta”. Durante alguns poucos anos,
eu me isolei do mundo em uma comunidade espiritual, em busca de mim mesmo. Além de ensinamentos adquiridos com o meu Eu
Superior, a Mãe Natureza também me ensinou muitas coisas preciosas...
Na comunidade em que vivi durante
este período, tudo era compartilhado. Não haviam empregados e todos dividiam as
tarefas diárias igualmente, independentemente do passado de cada um. Médicos,
engenheiros, estudantes e operários; homens e mulheres; jovens e adultos;
brasileiros e estrangeiros; brancos, negros, pardos, amarelos e vermelhos;
todos trabalhavam em pé de igualdade em prol da comunidade.
Nestes tempos eu aprendi muitas
coisas valiosas que o meu status na época (social, profissional, econômico e
financeiro ) não permitia; por falta de tempo, de oportunidade ou, simplesmente,
de vontade. Eu aprendi a arrumar meu quarto, a lavar banheiros (do meu quarto e
os de áreas comunitárias), a lavar louças e panelas, etc. etc. Aprendi a fazer
pão (a comunidade possuía a sua própria padaria, que começava os seus trabalhos
impreterivelmente às três horas da manhã). Aprendi a plantar e a colher (possuía,
também, dezenas de acres com vários tipos de plantações, além de várias hortas
e pomares). Aprendi também os rudimentos da construção civil em árduos e
penosos trabalhos como ajudante de pedreiro (toda a enorme estrutura das três
fazendas coletivas foi criada pelos moradores, com ou sem ajuda externa). Tudo
valeu a pena... a minha alma não era pequena! Humilde ela aceitou os
ensinamentos que a vida lhe trazia a cada momento, vivendo-os como se fossem
únicos, sem preocupações do passado ou do futuro: Vivia sempre no agora.
Aprendi que o arroz e o feijão, que eu como a cada dia, traz no seu âmago muitas dores nas costas e nos joelhos,
e passei, assim, a não conseguir comer sem antes agradecer aos meus humildes
irmãos lavradores, que com seus miseráveis salários de fome, permitem que eu
possa ter um corpo bem alimentado e saudável. Aprendi a agradecer à Vida pelos
presentes que Ela me dá; a amar a casa onde moro, valorizando o trabalho do
pedreiro e dos seus ajudantes que, mesmo morando em casebres instáveis e sem
conforto, permitiam que eu pudesse dormir tranquilo e em segurança, sem as
preocupações que eles mesmos não podiam deixar de ter. Aprendi que não é o tipo
de trabalho que dignifica o homem, mas a atenção e o cuidado colocados em cada
tarefa posta à sua frente.
Eis também outro precioso
ensinamento que a Mãe Natureza me proporcionou: Ao plantar uma árvore em
particular, passei a dela cuidar com um zelo que quase a matou. Adubava e a
molhava em excesso, o que a fez crescer anormalmente rápido, fazendo com que
antes de produzir algum fruto, seu tronco começasse a se dobrar sob o seu
próprio peso. Tudo tem o sua hora para frutificar! Muitas vezes, o excesso de
zelo e proteção não permite o fortalecimento, que só as intempéries e o correr
do tempo podem trazer. Isto ocorre tanto às árvores quanto aos homens.
Talvez, a coisa mais importante
que eu tenha aprendido neste fecundo período foi a constatação de que não é o
trabalho que dignifica o homem, mas é o homem que dignifica o trabalho;
tornando-o útil não apenas a si mesmo, mas também a todos que o cercam. Não é a
quantidade de dinheiro o mais importante, mas a forma com que eu gasto o muito
ou o pouco que tenho. Não é o status da minha profissão ou os louros que ganhei
– justa ou injustamente – o que verdadeiramente importa, mas a forma com que
trato e sou tratado pela natureza e pelos meus semelhantes. Não basta ser
admirado por mentes - que facilmente valorizam tudo aquilo que lhes vai um
pouco além - mas conquistado por corações, que nunca se vendem por quimeras.
É preciso, antes de tudo, amar o
que fazemos. É preciso transformar o nosso trabalho em SERVIÇO.
Sorria! - O Sorriso iguala as pessoas.
O mais precioso e rico que você alcançou foi o nivel de consciência desenvolvido. Nivel, que quienes estudamos esos escritos tratamos de aplicar no día a día. Gratidão.
ResponderExcluirVerdades pessoais que deveriam se espalhar mais na Humanidade, que,na maioria é cega para esses relevantes aspectos da vida...
ResponderExcluirVocê foi concebido com muita luz e por esforço próprio forjou-se na têmpera do bom aço, na dor dos que sabem lutar e na alegria dos que descobriram o verdadeiro sentido da vida...