A grande maioria das pessoas acha
que a evolução humana depende apenas das aquisições que ela faz no decorrer da
vida. Ledo engano. A evolução do homem depende tanto das aquisições de
qualidades e virtudes para o crescimento da sua alma, quanto das desconstruções
de vícios e preconceitos adquiridos durante as muitas jornadas que é obrigado a
percorrer a cada novo nascimento. Infelizmente existem muitos homens virtuosos,
que sujam o seu caráter com preconceitos raciais, homofóbicos, de gênero e até
mesmo do atualíssimo preconceito político, que tanto ódio tem difundido pelo
mundo.
Muitas vezes é preciso retirar
capas e mais capas de preconceitos adquiridos, não só nesta vida, mas também em
vidas passadas, para que a luz do Deus interior possa brilhar e iluminar um
pouquinho este mundo tão escuro pelas maldades humanas. O diamante só pode
existir após a retirada das impurezas que cobrem o seu brilho. Quanta escuridão
no mundo pela falta da luz do Teu Espírito, encoberta em nós, meu Deus!
Existem pessoas que são tão cegas em
seus preconceitos, que além de não enxergarem o mal que fazem ao outro, não vêm
nem mesmo o desconforto que causam àqueles obrigados a escutar perversos comentários,
piadinhas de tremendo mau gosto, etc., etc. Será que elas tolerariam esta
atitude de outrem se ela fosse dirigida a uma pessoa amada, como um irmão ou um
amigo? Será que no grupo de pessoas reunidas em festas e confraternizações não
poderia existir pessoas que se sentiriam tão ofendidas como ele, por considerarem
um irmão, qualquer indivíduo da raça humana, independente de cor, gênero ou
preferência sexual?
Há tempos atrás, numa
confraternização entre antigos colegas do ensino primário do saudoso Grupo
Escolar Presidente Antônio Carlos, eu recebi a notícia de que o Marcinho, um
popular colega (pelo mais nefasto motivo, infelizmente), tinha se suicidado
ainda na adolescência. Fui obrigado a pedir uma licença urgente e, já com
lágrimas nos olhos, procurar um canto bem afastado de todos. Chorei
copiosamente durante alguns instantes, não sei bem se por pena do Marcinho, de
mim mesmo ou de todo um bando de crianças mal influenciadas por adultos doentes,
que selvagemente o perseguia, com “passadas de mão” no seu minúsculo traseiro e
bordões ensinados em horrendos programas de “humor adulto” da época (que o
purgatório os retenha por algum tempo, Costinha, Ari Toledo e outros afins, até
que as suas piadinhas infames sejam apagadas da memória do povo brasileiro),
durante os quatro anos do ensino primário. Aquela sensível criança - uma alma feminina em
um corpinho masculino - sofreu calada, com um leve e triste sorrisinho nos
lábios (que jamais consegui esquecer por parecer-se demais com o sorriso de um
quadro da Madona que possuíamos na nossa sala de estar) o seu martírio, neste
mundo governado por um Deus ainda em evolução (e que só por isso foi por mim
perdoado) – (Ver artigo: Sobre a Homo e a Heterossexualidade).
Sei muito bem que não podemos
desfazer os nossos erros passados. Aprendi que o arrependimento sincero torna o
coração impróprio ao crescimento do remorso. Aprendi, acima de tudo, que uma
criança ou um adolescente mal construído torna-se um adulto doente, com a
obrigação de desconstruir-se de todo mal que lhe foi imposto na infância ou na
adolescência, se quiser um dia tornar-se um homem digno do nome, não um aborto
a desmerecer o dom da sua humanidade. Evoluir não é só adquirir, a cada dia,
novas qualidades e virtudes, mas também desfazer-se, a cada dia, do lixo que
inevitavelmente surge do atrito entre o bem e o mal inerentes ao livre
arbítrio.
EVOLUIR É CONSTRUIR-SE E
DESCONSTRUIR-SE A CADA DIA NA BUSCA DA SUA DIVINIDADE.
Sorria! - O Sorriso iguala as pessoas.
Lindo artigo tio. Em tempos de intolerância é sempre bom falar sobre o assunto. 😘
ResponderExcluirDemais, tio! Que reflexão importante 🙏🙏🙏
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