Eu adoro as alvoradas das manhãs
de inverno! Como é lindo o céu, limpinho, varrido pelos ventos da noite,
deixando-o como uma gigantesca tela em branco, onde o Artista Mor pinta quadros
com jogos de cores mutantes, cada vez mais lindos, deixando extasiado o
observador atento. A beleza não se compromete com olhares descuidados, quando a
sua luz morre no mar da mente, antes de encontrar o oceano do coração...
A beleza só é bela, quando ao
entrar por um sentido, primeiro é percebida pela mente e depois sorvida, com
indizível prazer, por um coração sempre sedento de beleza. O homem que é
incapaz de absorver a luz inerente a toda beleza, morre aos poucos de
tristeza... no escuro. À falta de beleza não sobrevive a Alma; sobrevive apenas
o Seu veículo transitório, capaz de viver entre as feiuras e as misérias do
mundo.
O homem que não se emociona com
as belezas do mundo, que não tem o coração tocado por elas, vaga perdido no
vazio de um mar em constante calmaria, sem ventos, sem ondas, sem graça...
Meu Deus! Como não amar a beleza
das cores cambiantes das auroras e dos crepúsculos? Como não amar a beleza
singela de uma flor, a beleza pungente de um ipê amarelo ou a beleza rústica e
robusta de um velho carvalho? Como não amar a beleza de uma bela música, de uma
bela pintura, de um belo poema ou de um belo artigo escrito por uma mente
lúcida, iluminada pela Alma? Ah, como é triste ver tanta beleza desperdiçada,
na pressa de um mundo mais preocupado em ter do que em ser... Belezas não só materiais,
mas principalmente as belezas imateriais e espirituais.
Como não amar a beleza de um ato
de caridade por amor ao próximo, ou como não amar a beleza de um gesto de
gratidão em resposta a este ato de amor incondicional? Como não amar a beleza do
altruísmo de um homem esquecido de si mesmo, na concentração em aliviar a dor
de um irmão que sofre? Como não amar a beleza do ato heroico daquele que supera
o medo da morte por amor ao outro?
Ah! E o que dizer sobre a beleza de
um sorriso sincero, este sinal da presença da Alma? Como não amar a beleza de
um sorriso aberto e franco de um amigo ou de outra pessoa querida? A beleza
leve de gritinhos de crianças brincando? O sorriso impudico de amantes jovens e
apressados? O sorriso agradecido daquele que se achava pequeno, em resposta ao
sorriso daquele que sabe que todas as Almas são iguais e que o sorriso iguala
as pessoas?
O coração do homem não é armário
para guardar, mas espelho para refletir... Toda beleza contemplada deveria ser
refletida em benefício de um mundo ultimamente tão feio e triste.
Bendito todo aquele que, com um
coração puro, transmuta o feio em belo, tornando o mundo mais belo e aprazível
para se viver...
Bendito todo aquele que transmite
para o seu ego toda beleza da sua Alma...
Bendito todo aquele que não
esconde, mas que reparte as belezas das virtudes, com aqueles que nasceram
descoloridos, por não terem amado as cores em vidas passadas...
Bendito todo aquele que sabe
pintar um quadro, que sabe escrever um poema, que sabe compor uma música...
Mas, mais bendito ainda, seja
todo aquele que não sabe pintar, que não sabe escrever e que não sabe compor,
mas que traz – dentro de si – a beleza radiante de uma Alma luminosa, um farol para
iluminar o caminho de todos aqueles, que têm a sorte de trilhar o caminho junto
a si.
Sorria! – O Sorriso iguala as pessoas.
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