As pessoas confundem os momentos
de tranquilidade com a paz. Paz não é a ausência de guerras ou de tumultos
inevitáveis na agitada vida moderna. Paz é um sentimento que vem de dentro para
fora, não de fora para dentro. A verdadeira paz não é um sentimento abstrato,
como pensa a maioria, mas uma energia muito real enviada pela alma ao seu
veículo temporário – o ego. Aquele que possui esta abençoada energia consegue
viver bem com o mundo ao seu redor, esteja ele em harmonia ou em caos, pois
sabe distinguir bem entre as ilusões passageiras da vida do ego e a realidade
absoluta da vida da alma. Ele aprendeu a viver como o Observador, que de fora
observa os acontecimentos, sem com eles se identificar. Eis aí a maior fonte de
sofrimento da humanidade: A identificação do homem com o ego passageiro, e não
com a alma imortal.
No que difere a vida de um
iniciado que, por obrigações cármicas, vive ainda a vida comum do mundo além da
sua vida espiritual interna? Apesar do iniciado viver na selva junto aos seus
irmãos, alegrando-se e sofrendo com os acontecimentos da vida, a sua
consciência não se encontra presa a este ambiente sufocante e perigoso. A sua
consciência permanece calma e impassível sobre o cume da montanha cercada pela
floresta, respirando o ar puro das alturas, daqueles seres que não se
identificam com a selva, mas sim com o céu infinito que paira sobre todos eles .
O homem vive de três formas
diferentes na longa jornada de vidas, antes de conseguir a sua liberação do
mundo e voltar à “Casa do Pai”. Na primeira e mais longa série de vidas, ele
vive apenas como um indivíduo, o qual se identifica apenas como um ego. Na
segunda, ele enxerga-se não como um indivíduo, mas como uma dualidade, ora identificando-se
como ego e ora identificando-se como alma. E, finalmente, na terceira e última,
ele volta a viver como indivíduo, pois agora ele se identifica apenas como
alma. Raros são os momentos de paz, quando o homem se encontra no primeiro
caso, pois vive sempre entre os fogos do prazer e do sofrimento,
identificando-se com todas as circunstâncias que a vida lhe traz. No segundo
caso, o homem consegue momentos de paz, quando a sua alma já conseguiu certa
ascendência sobre o ego, mas, apenas, para depois voltar ao seu “egoísmo” nos tumultos
da vida - para o seu desespero - quando a paz volta a parecer distante. No
terceiro caso, ele volta a ser um indivíduo e a paz torna-se sempre presente,
pois ele passa a viver apenas como alma, que sabe discernir entre a ilusão e a
realidade.
Ah, meu irmão! Até quando
escolherá viver em mar tempestuoso, em meio às violentas ondas de emoções
conflitantes; ora feliz sobre as cristas; ora infeliz sob as depressões? O
importante não é a felicidade do ego, mas sim a alegria da alma! Quando
aprenderá que não existe noite ou dia para aquele que vive sempre sob a luz da
própria alma? Luz e trevas não existem para aquele que despertou o terceiro
olho da alma entre os dois olhos do ego!
Tranquilidade é apenas um breve
momento entre uma onda e outra no mar tempestuoso da vida. Paz é a certeza de
que o mar é apenas uma ilusão passageira... Um breve momento na vida do
Espírito.
Sorria! – O Sorriso iguala as
pessoas.
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