Todos os dias, nas minhas
caminhadas matinais, eu encontro pessoas caminhando em direção ao trabalho ou
sentadas do lado de fora dos locais onde trabalham, aguardando o abrir das
portas para mais um dia de labuta. Um destes personagens é o “seu” Aguinaldo. Antes
mesmo de saber o seu nome, já trocávamos boas energias com os nossos alegres e
sinceros “Bom dias!”. Ah, se as pessoas soubessem das energias positivas de um
alegre e sincero “Bom dia!” emanado pela Alma...
Nesta manhã o “seu” Aguinaldo,
após a nossa habitual troca de cumprimentos, jogou no chão a bituca de cigarro
que fumava e levantou-se, com certa dificuldade (os muitos anos de trabalho
braçal cobravam o seu preço nas suas articulações), para me presentear com uma
rápida prosa.
- “Seu moço, como é mesmo o seu
nome? O meu é Aguinaldo, ao seu dispor!
- O meu nome é Odilon. Que
engraçado! Só agora, depois de muitos anos, nós sabermos os nossos nomes, né!
- Éhhh! É só as pessoas que têm
nomes. As Almas não têm nomes, é tudo igual... E a gente já somos amigos, mesmo
sem saber...
- Pois é “seu” Aguinaldo, eu
também acho isso! Me faz muito bem essa nossa troca de boas energias todas as
manhãs. Mas, me conta! O senhor ainda trabalha nesta idade?
- Pois é! (e com orgulho e
satisfação) Eu tô com setenta e dois anos e trabalho mais do que estes
jovenzinhos, que me ajudam. Eu sou o encarregado da turma. Mas óia! Eu não
trabalho por precisão não: Eu sou rico! Eu não converso destas coisas com as
pessoas não. Tem muito mau oiado! Mas para o senhor eu falo: Eu tô aposentado
com dois salários e meio; a minha mulher tá aposentada com um salário; e o meu
salário aqui é de pouco mais de dois salários. Viche! Pra só nós dois tá muito
bão, né? E lançou-me um sorriso de quem está bem com Deus.
- É, mas o senhor merece!
Trabalhou muito para conseguir chegar onde chegou.
-Mas, então! Foi muito bom saber
nome do senhor. Eu tava querendo saber há muito tempo, mas ficava com medo de
incomodá...
- Imagina “seu” Aguinaldo! Incômodo
nenhum! Nós somos amigos de Alma... O senhor fique com Deus!
- O senhor também. Vai com Deus!
Como não podia deixar de ser,
segui o meu caminho, absorvendo a sabedoria do “seu” Aguinaldo: “As Almas
não têm nomes, pois são todas iguais”. Que grande verdade, meu Deus! Não
existe vaidade na Alma, apenas o ego se vangloria do seu nome, da sua posição
social ou das suas conquistas materiais.
Fiquei muito feliz, também, em
confirmar aquilo que venho divulgando há muito tempo nos meus humildes escritos,
ou seja: “Rico é aquele que tem o suficiente para ter ou fazer o que quer”.
Realmente, o pobre que conseguiu comprar a bicicleta que queria, é mais rico –
e mais feliz – do que o rico que não conseguiu comprar a sua Ferrari
vermelha...
Isto me fez lembrar da sabedoria
do muito antigo povo japonês: Há pouco mais de trinta anos, quando morava a
trabalho no Japão, coloquei a minha filha, com cinco ou seis anos, para estudar
em uma escolinha japonesa perto da minha casa. Para matriculá-la,
perguntaram-me quando eu ganhava como preparador físico do Yumiuri Futebol
Clube (um dos maiores times do Japão). Um pouco desconfiado da pergunta, eu
perguntei o porquê desta informação. Eles então me informaram, que nesta escola
eles cobravam de acordo com os salários dos pais, ou seja: quem ganhava mais
pagava mais (até um limite máximo) e quem ganhava menos pagava menos ou, até
mesmo, não pagava nada. Achei isto maravilhoso, mesmo tendo que pagar uma
mensalidade relativamente alta (eu ganhava bem, nesta época). Ah, além disso me
pediram para que a minha filha usasse o
uniforme da escola e não levasse brinquedos ou lanche, pois lá todos se
vestiam iguais e brincavam com os mesmos brinquedos (da brinquedoteca da
escola, que por sinal era muito boa e variada) e comiam a mesma comida (muito
boa e nutritiva), para que assim todas as crianças se sentissem iguais. Que
lindo e muito justo, não?
Todas as Almas se sabem irmãs,
células de igual importância no corpo da Anima-Mundi, a Alma do mundo.
Sorria! – O Sorriso iguala as
pessoas.
Também em Belisário aposentado com 2 salários de renda mensal se considera rico e muito agradece a Deus.
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